Ex-deputado Carli Filho é condenado a 9 anos e 4 meses de prisão por duplo homicídio

O ex-deputado estadual Luiz Fernando Ribas Carli Filho foi considerado culpado pelo Tribunal do Júri e condenado a 9 anos e 4 meses de reclusãoo em regime fechado.. O processo se arrastava há mais de oito anos e nove meses, desde que – em 7 de maio de 2009 – o Passat que ele dirigia atingiu o Honda Fit em que trafegavam dois jovens, que morreram na hora.

O julgamento teve início na terça (27), às 13h e se estendeu até às 22h30, como depoimento de seis testemunhas e do réu. Na terça-feira foram ouvidos um amigo de Carli Filho, que admitiu que bebeu com ele antes do acidente, um segurança do restaurante em que ele jantou naquela noite, que relatou ter implorado para que o ex-deputado não dirigisse naquele estado, duas testemunhas oculares do acidente, que descartaram a tese de que havia um outro veículo disputando um racha com Carli Filho e um perito contratado pela defesa, que questionou o laudo de que o carro do ex-deputado teria decolado e atingido o veículo das vítimas pelo alto.

Nesta quarta-feira (28) o julgamento deu continuidade, até às 16h30 com o depoimento das acusações e debate com a defesa. O promotor Marcelo Balzer iniciou o julgamento sustentando que Carli Filho tinha carteira cassada e havia bebido quatro garrafas de vinho. Ainda disse que ele “não se arrependeu de verdade”. Um vídeo foi apresentado dizendo que o carro “acavalou sobre o outro”. O  advogado da família, Elias Mattar Assad, disse que “não há dúvidas” da culpa do ex-deputado no acidente.

O advogado de defesa, Alessandro Silvério, sustentou que ele fosse condenado, mas não por dolo eventual. Carli Filho chegou a chorar no momento em que o advogado falou sobre o acidente. Roberto Brzezinski, também da defesa, chegou a rasgar parte dos autos que incluem notícias do caso.

Promotor Paulo Markorwicz questionou o laudo contratado pela defesa contrariando a criminalística. O Ministério Público ainda sustentou que o carro decolou. Pela tarde a defesa alegou novamente que não havia intenção de matar, tentando tirar o dolo eventual do acusado, já que ele também teria ficado com marcas do acidente. Ainda reiteraram a culpa das vítimas, que segundo a defesa, haviam furado a preferencial.

Por fim, os jurados se reuniram em uma sala secreta às 16h30, votaram por cédulas e o juiz anunciou a sentença às 17h. O juiz Daniel Surdi fez a dosimetria de pena de Carli Filho e fixou a pena para 9 anos e 4 meses.

O ex-deputado admitiu o erro durante o depoimento, que teria bedido antes do incidente, mas também negou que tenha tido intenção de matar.

Julgamento remarcado 

O julgamento foi marcado e adiado mais de uma vez enquanto os advogados buscavam que ele respondesse por homicídio culposo, quando não há a intenção de matar. Foi em fevereiro de 2014 que o Tribunal de Justiça do Paraná (TJ)decidiu que Carli Filho iria a júri popular pelo crime de homicídio com dolo eventual. É a primeira vez que um paranaense político foi à júri popular.

Relembre o caso

O acidente aconteceu no dia 7 de maio, de 2009. Dois jovens morreram na hora, Gilmar Yared e Carlos Murilo de Almeida. Carli Filho ficou hospitalizado por um mês. O ex-deputado ainda tinha carteira cassada e o inquérito policial apurou que ele conduzia o veículo entre 161 e 173 km/h.Após o acidente, Carli Filho renunciou ao mandato e aguardou o júri em liberdade.

Preso

Carli Filho não saiu preso do Tribunal. Ele tem direito a recorrer da decisão, pois aguardava a condenação em liberdade. Só saem presos do Tribunal acusados que já cumprem medidas de restrição. Ele deve se apresentar mensalmente à Justiça até que a decisão transite em julgado.

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