Bita do Barão ataca a Veja e diz que revista atende interesses políticos e fomenta ódio e preconceito

Bita do Barão posa no seu terreiro na cidade de Codó

Em nota distribuída à imprensa, o babalorixá Wilson Nonato de Souza, o Mestre Bita do Barão, repudiou o teor da reportagem publicada pela Veja, na qual é dito que ele estaria fazendo “trabalhos” para interferir na eleição estadual a fim de beneficiar a ex-governadora Roseana Sarney (MDB). Bita diz não ter dúvida de que a revista foi pautada para atender interesses políticos, “como prova a exploração que está sendo utilizada na mídia local”, mas não cita quem seriam os interessados na exploração que vem sendo dada à reportagem.

De acordo com Bita, além de preconceituosa, por tratá-lo de forma pejorativa como bruxo e feiticeiro, a reportagem tem servido para alimentar o ódio aos cultos afros. “Abri as portas da minha casa para o senhor João Batista, repórter da revista Veja, acreditando ser uma oportunidade de divulgar minha querida Codó, onde há mais de 60 anos resido e realizo minhas celebrações”, queixa-se.

De acordo com a nota, o objetivo da entrevista seria difundir os trabalhos espirituais que ele realiza, o que poderia ajudar a divulgar a cidade de Codó e com isto fomentar o turismo no estado, já que em agosto realiza um festejo que atrai pessoas de várias partes do mundo, mas agora percebe que a intenção era outra, com fins eleitoreiros. “Em vez de levar informação aos leitores, essa matéria serviu para espalhar o ódio, a intolerância, a discriminação, claramente com fins eleitoreiros”.

Bita do Barão se sentiu traído pelo repórter da Veja

Veja a íntegra da nota:

Abri as portas da minha casa para o senhor João Batista, repórter da revista Veja, acreditando ser uma oportunidade de divulgar minha querida Codó, onde há mais de 60 anos resido e realizo minhas celebrações. Qual foi minha surpresa ao tomar conhecimento de tantas inverdades contidas numa só matéria.

É triste que nos dias de hoje a gente tenha uma revista semanal que publique uma reportagem com tamanho preconceito e desrespeito às religiões afro-brasileiras. No texto, sou tratado pejorativamente como bruxo e feiticeiro, numa tentativa de demonizar a mim e às pessoas que frequentam terreiros. Espalhar a intolerância religiosa é, no mínimo, irresponsável, principalmente vindo de uma revista lida em todo Brasil.

Codó, no Maranhão, é conhecida como a capital brasileira da Umbanda e os festejos promovidos no mês de agosto fazem parte do calendário religioso/cultural do Maranhão e, até mesmo, do Brasil. Turistas de todo o País que acreditam no poder da fé frequentam e vêm conhecer essa festa. É comum que políticos e autoridades, principalmente do meu próprio estado, venham a essa festa, da mesma forma em que vão a qualquer outro templo religioso.

Em vez de levar informação aos leitores, essa matéria serviu para espalhar o ódio, a intolerância, a discriminação, claramente com fins eleitoreiros. Isso encontra guarita num grupo de radicais fundamentalistas que têm usado as redes sociais para atacar a mim e as pessoas que respeitam a cultura e a diversidade religiosa do Maranhão. Incitar brasileiros a atacarem outros brasileiros em função da sua crença ou em função da sua descrença além de preconceito, é crime.

Por outro lado, lamentavelmente, a revista foi pautada por interesse político, como prova a exploração que está sendo utilizada na mídia local. Minha missão é religiosa. Cultuo a Deus e meus santos, fazendo o bem e nunca mal a ninguém.

Sou para o Maranhão, norte e nordeste conhecido, como era Mãe Menininha, na Bahia. Deixo registrado meu repúdio e profunda indignação com essa campanha difamatória que atinge não apenas a mim, mais a todos os homens e mulheres de bem que buscam na fé, preservar e viver os valores da verdade, da paz e da convivência fraterna entre os semelhantes.

Mestre Bita do Barão
Fonte: Aquiles Emir

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